sexta-feira, 2 de maio de 2003

Chatolino

Daí chegam os dias de chuva na cidade, me deixo guiar pela preguiça mórbida, bate aquela vontade de ficar em casa, sentir o frio que só rola no meu bairro, adentrar no transe que o som de água caindo proporciona e tudo se encaminha perfeitamente para o fluir completo da mazela humana. Parece-me tão dentro dos conformes ter seus dias de vegetal, que não consigo entender a motivação das pessoas que grudam suas mãos ao telefone e não entendem o princípio básico dos que desertaram da matilha: chamam pra ir ao cinema, digo que não, ligam de novo pra saber o que estou fazendo, digo que nada, ligam pra assistir filme na casa de não sei quem, mando se fuder. Pronto, mal-estar criado, só tenho a agradecer pelos convites, liguem sempre, mas por favor não insistam. Gostaria até de desenhar minha lógica e sei que se o fizesse direitinho, terminariam compreendendo. De qualquer modo, basta correlacionar 'tenho mais o que fazer' e 'não tenho o que fazer' e fingir que ambas as orações adquiriram o mesmo significado.

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