quinta-feira, 29 de maio de 2003

Lojas Americanas

Fiquei sabendo há poucas horas de uma história engraçadinha e ordinária que aconteceu com uma amiga minha. Ok, pra ela deve ter sido super foda, mas como estou aqui pra rir da desgraça alheia, vou adentrar pelo lado humorístico da coisa. Essa minha amiga costumava pegar coisas nas Lojas Americanas e não pagar, geralmente material escolar, tipo folhas de fichário, caneta, lápis, borracha, corretivo. Acontece que na sua última investida, ela foi pega pelos seguranças da loja e isso ocorreu justamente quando, mais ousada, tinha decidido fazer seu primeiro roubo de médio porte. Pois é, tava fazendo a feira escolar. Não sei bem como foi a abordagem inicial, se foi algo escandaloso presa-em-nome-da-lei-pessoas-correndo ou algo na linha serviço-secreto-tudo-silencioso-e-discreto, só sei que a levaram para uma sala, fico imaginando aquelas salas vazias com uma cadeira no centro, e deixaram ela lá esperando os seus pais chegarem. Passados uns vinte minutos, o segurança voltou e não fez o esperado e clichê terror psicológico, pelo contrário, avisou de antemão que ela não ia descer para o "bom pastor" porque era 'dimenor', nem que ia parar na DPCA porque não tinha cara de 'alma sebosa'. Daí chega o pai, pensa logo que alguém havia servido de cúmplice ou mentor até a própria, queridinha-xixuxa, afirmar que estava 'agindo sozinha'. Putz, eu pagava pra escutá-la dizendo isso. Obviamente depois de tudo resolvido, seus pais tiveram uma longa conversa, perguntaram se estava com algum problema, se queria ajuda médica, se estava fumando maconha, o básico de sempre na tentativa de entender o que tinha levado sua filhinha-queridinha-xixuxa a fazer aquilo. Claro que a garota se fez de vítima pra sair na boa. Ficou acertado que ela não seria punida porque claramente estava passando por um momento delicado e que este fato se manteria escondido do resto da família. Bem típico da classe média. Só sei que no mesmo dia ela me disse que foi para o bigode jogar dominó e se a bem conheço, beber vinho carreteiro. Eita, quase ia esquecendo de um detalhe importante: claro que quando o pai dela chegou na loja, a primeira coisa que ele pediu para ver foi a fita do sistema de segurança, daí alertaram que se ele visse a fita, a famigerada fita, o caso seria levado ao tribunal. Pelo que consta, rolou ainda um momento moral-da-história-em-forma-de-ameaça por parte de algum responsável da loja, dizendo que se ela se envolvesse em outra empreitada dessa em qualquer uma das Lojas Americanas, não ia ter boquinha, ia direto para a DPCA. Se eu estivesse por lá não deixaria de lembrar que ela completa 18 anos no final do próximo mês. De qualquer forma, tenho que admitir que adoro mesmo meus amigos por me nutrirem de furadas tão legais e originais: a cereja do bolo é o simples fato de que essa amiga, toda certinha, era uma das quais eu achava impossível passar por uma dessa. Ainda bem que as pessoas mudam. Só assim para nos surpreenderem.

Nenhum comentário: