quarta-feira, 2 de abril de 2008

Mais proibições

Agora a era das proibições chega ao futebol: a comissão nacional de arbitragem vai proibir comemorações direcionadas para a torcida adversária e os gestos que tenham algum teor de obscenidade. Tudo isso será decidido pelo juiz, inclusive o que é obsceno e o que não é dependendo da moral de cada um deles. A idéia estúpida é do senhor Sérgio Corrêa da Silva¹, presidente da instituição aqui citada. Odeio essa mania de menosprezar o espírito do jogo, da jogatina, da rivalidade, da tensão, do mau agouro, do desafio e da recompensa. O que seria do Pôquer sem o blefe ou do truco sem a carta lambida enfiada na testa? O que seria do Brasil e Cuba no voley feminino sem um xingamento ou a decisão no tie break? E assim vai...

o_O

Perae... querem tornar o futebol um esporte ainda mais mecânico e frio, mais do que já vem se tornando nos últimos anos. Isso me deixa puto. Pra mim, a comemoração existe é para o cara explodir mesmo e cada um explode de maneira diferente, uns gostam de ir jogar a camisa pra própria torcida, outros preferem dar cambalhota, agradecer a Deus, pular, mandar recado na câmera, outros ainda preferem dançar o créu, beijar na boca do amigo ou mandar os adversários calarem o bico. E nada mais justo, afinal é pros torcedores ficarem mesmo calados (ou derramarem lá suas lágrimas sofridas ha-ha-ha) no momento do gol adversário, em respeito ao cara que levou o jogo ao ápice. Ninguém suporta um 0 X 0. É frustrante.

Afinal não é o gol o grande momento do futebol? A comemoração tem de seguir na mesma linha, até porque mesmo o gol adversário é o que define a mudança de espírito para ambos os times. Superação pra quem ta perdendo e segura o cu pra quem ta ganhando. Acho que os árbitros deviam logo proibir os jogadores de correr pelas laterais do campo, depois proibir de ter possíveis jogadas que terminem em impedimento, probir o pênalti, proibir os atacantes de fazerem gol, proibir as torcidas de entrarem nos estádios, proibir o futebol, proibir todos os jogos, proibir que passem vídeos do Elvis porque o jeito como ele remexe a pélvis é muito obsceno... love me tender, fucking bitch.

Deviam era proibir os árbitros de abrir a boca pra ditar as regras do futebol. Quem tem que fazer as regras são os jogadores ou ex-jogadores ou mesmo a torcida, os árbitros só precisam aplicar o que for decidido. Ou fazer comentários na TV.

O que será que o Arnaldo César Coelho ou o Kilber Alves têm a dizer sobre isso?



1 - Com vocês uma frase do obsceno Sérgio Corrêa da Silva sobre o assunto - na matéria ainda dizia que ele não tinha medo de ser chamado de conservador: - "O 'créu' é completamente incompatível com os moldes da boa educação. Acho até que é algo obsceno. Mas sabemos que há uma permissividade para esse tipo de música na nossa sociedade. Vai caber ao árbitro ter sensibilidade no momento da comemoração do atleta e avaliar se está havendo algum tipo de exagero ou afronta ao sentimento alheio".


A palavra 'obsceno' por si só já traz um discurso conservador implícito. O problema da violência nos estádios realmente não nasce na obscenidade - seja qual for o significado aplicável dessa palavra, menos ainda a partir do estímulo dos jogadores. É querer transferir o holofote do erro para o lado errado. O que é bem típico dos discursos conservadores. Daqui a pouco, o jogador faz o gol e vai ter 6 segundos até voltar pro seu lado do campo para o jogo poder ser reiniciado.

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