quarta-feira, 29 de abril de 2009

Kramer vs Kramer


Mesmo dublado, mesmo morto de sono, chorei horrores de ficar soluçando e passei um bom tempo na varanda tomando chá e me enchendo de esperança: se até os dezoito, dezenove anos, tinha uma vontade muito forte de ter um filho, até costumava sonhar com isso, entrei na casa dos vinte querendo uma vasectomia quase como um desesperado, o que só poderia acontecer oficialmente a partir dos vinte e cinco, decisão que tomei em especial por meus irmãos - um irmão e uma irmã - baterem da forma mais sem noção possível a cota de netos que minha mãe esperava. Sem contar que vi meus sobrinhos e sobrinhas crescerem ano a ano e mesmo tentando ser uma 'boa' influência para eles, digo logo que isso é utopia das velhas e não demora muito até perdemos o controle. Pois é, vê-los passar de coisinha fofa do tio pra cabelo descolorido e fã de saia rodada é uma barra. "Paternidade é uma puta loteria" é o que sempre me diz um amigo que será um grande pai. E ele está certo. Seu filho pode ser qualquer filho - a começar pense em você e em seus irmãos - e pior, você vai ter de amá-lo incondicionalmente seja ele quem for. Isso porque não quis comentar que o mundo é um lugar muito cruel para se colocar uma criança, pense em todos os perigos, pense em toda mediocridade, pense em tudo que você fez e seus pais nunca souberam e quando você se der conta o nível paranóia já chegou. Tudo contava contra e então veio a virada maníaca aos vinte e quatro anos e poucos dias: depois de Kramer vs Kramer (EUA, 1979), de Robert Benton, descobri que vale a pena correr o risco.
Agora tenho só que me preocupar com a mãe.

Déjà vu.

3 comentários:

palmer disse...

pq tu não pega um pronto? recebesse meu email de aniversário? ;*

Felipe disse...

Adoro este filme e vim aqui pra dizer que teu texto me fez rir bastante. Relaxa, seremos pais e acho que isto deve ser o máximo. Valores muda, meu caro.

Um abraço

Felipe disse...

Ops! erros de português